domingo, 18 de setembro de 2011

Pela valorização do professor de Rio das Ostras

Quando o assunto é valorização profissional, os professores de Rio das Ostras "não vão nada bem"... Comparados à outros servidores do município, com mesma escolaridade, os professores da cidade perdem de goleada. Isso é que é (des)valorização. Vamos aos fatos:
  1. O professor de Rio das Ostras tem uma das maiores jornadas de trabalho de todo o estado do Rio de Janeiro: 25h semanais. Com esta jornada, quem mantiver duas matrículas no município estará trabalhando mais do que determina a CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 44 HORAS semanais;
  2. Mesmo com uma jornada 25% maior que outros profissionais com formação superior (os demais, como psicólogos, assisntentes sociais, têm jornada semanal de 20 horas), os professores recebem cerca de 40% menos;
É possível mudar o quadro? SIIIIIMMMMMMM. Macaé provou que é possível valorizar o professor. Entretanto, como sabemos que o governoqueamaacorlaranja dirá o contrário, vamos colaborar com os professores fornecendo ALGUNS dados que provarão que valorizar o professor é  possível.

  1. A Lei de Responsabilidade Fiscal limita à 54% da Receita Corrente Líquida (RCL) o GASTO COM PESSOAL. Indica também que o limite PRUDENCIAL é de 51,30%;
  2. O governoqueamaacorlaranja informou à Secretaria do Tesouro Nacional que a RCL de Rio das Ostras em 2010 foi de "apenas" R$ 514.108.943,10 (514 MILHÔES, 108 MIL... e ainda dizem que a arrecadação caiu...).
  3. O gasto com pessoal da PMRO em 2010 foi de R$ 130.549.200,00, isto é, 25,39 % da RCL;
  4. Mesmo se a prefeitura dobrasse o salário de todos os servidores, o gasto com pessoal ainda estaria ABAIXO do limite PRUDENCIAL, que seria de até R$ 277,5 MILHÕES em 2010.
  5. Já mostramos também que em 2011 a arrecadação do município só faz crescer;
  6. RESUMINDO: 40% de aumento real para os PROFESSORES não abalaria as finanças do município. Isso é financeiramente possível, socialmente JUSTO LEGÍTIMO (professores são cerca de 20% do total de servidores);
  7. Antes de promover a valorização dos professores, a prefeitura de Macaé reduziu o gasto com comissionados e agentes políticos (secretários, subsecretários, prefeito, vice), cortando salários e excesso de pessoal. Que tal fazer o mesmo aqui?
O governoqueamaacorlaranja e seus inumeros aceclas argumentarão que a receita própria é pequena ("só" 200 MILHÔES) e que não pode usar os royalties para pagar a folha de pessoal. Leia também o que foi publicado recentemente no Jornal Oficial da Cidade e tire suas próprias conclusões.
  

sábado, 17 de setembro de 2011

Professores podem requerer o direito na Justiça

Para assessor jurídico da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), professores têm mais chances de vitória em ações coletivas

Por Aline Scarso, Brasil de Fato

Professores em greve pelo piso em Minas Gerais - Foto: Felipe Souza/Sindute

Professores que ganham menos que R$ 1.187,00 para uma jornada de até 40 horas podem entrar com ações na Justiça para requerer o pagamento. A recomendação é da assessoria jurídica da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). O piso nacional do magistério é um direito reconhecido em lei desde 2008 e foi considerado constitucionalmente legal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano.

“A nossa orientação é para que se ajuízem ações em todas as localidades onde houver o descumprimento do piso, pedindo imediatamente o cumprimento”, orienta o assessor jurídico da CNTE, Gustavo Ramos.

A decisão do STF, tomada em abril, reconheceu a constitucionalidade total da lei 11738. O acórdão foi publicado no Diário Oficial no último dia 24. A lei determina, além do piso nacional, a regulamentação de um 1/3 da jornada para o preparo e planejamento das atividades. Com a constitucionalidade reconhecida, qualquer prerrogativa que não for cumprida pode ser alvo de ações coletivas ou individuais dos professores na Justiça.

Segundo Ramos, com uma ação coletiva é mais fácil conquistar o cumprimento do direito. “Nós sempre recomendamos como estratégia jurídica uma ação coletiva. Quem quiser entrar com uma ação individualmente, pode entrar. Mas quando a força é coletiva, é mais fácil obter uma vitória”, afirma.

Ele explica que o sindicato estadual ou municipal pode entrar com uma ação em nome de toda a base, contemplando inclusive os professores não-filiados. Para ter direito ao piso, basta o professor ter o nível médio.

Outra forma jurídica é recorrer aos Ministérios Públicos. No Rio Grande do Sul, o Ministério Público do estado entrou com ação na Justiça para que o governo pague o piso aos professores da rede estadual. Pediu ainda a suspensão das 2 mil ações individuais que corriam na Justiça pedindo o mesmo cumprimento.

No campo extra-jurídico, professores tentam fazer pressão via greves como a que ocorre em Minas Gerais desde o dia 8 de junho e no Ceará, onde o sindicato da categoria acumula uma multa de R$ 10 mil diariamente por descumprir decisão judicial que julgou ilegal a greve pelo piso ilegal.

Segundo a CNTE, nem o Distrito Federal e nem os 26 estados da federação cumprem integralmente o que determina a lei nacional (acesse aqui a lei).

Estados questionam lei do piso

Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina entraram com uma ação chamada “embargos de declaração” no STF para que o Supremo determine a data de quando o piso nacional passou a valer.

Os governadores do Ceará, Cid Gomes (PSB), Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD) e do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) propõem que a norma entre em vigor a partir da publicação do acórdão. Já o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), quer mais 17 meses de adaptação para o estado cumprir a lei.

Em 2008, quando a lei nacional do piso do magistério foi editada, esses mesmos estados, além do Paraná, entraram com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) questionando a constitucionalidade da norma, mas foram derrotados.

Os estados e municípios podem contar com ajuda da União para o pagamento do piso para impedir o desequilíbrio das contas públicas. Para isso, basta que destinem 25% da arrecadação para a educação conforme prevê a Constituição Federal. Nesse caso, o Ministério da Educação deve destinar verba complementar.


Fonte: Brasil de Fato

8ª Mostra Cinema Popular Brasileiro

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A DEMOCRACIA LARANJA

Por Elias Lopes de Lima
  
Se fosse possível atribuir cores à democracia poder-se-ia dizer que ela é um verdadeiro caleidoscópio. Em tese, seria ela multitonal assim como são cada vez mais múltipla e variada as manifestações por uma sociedade mais justa e solidária. Não teria ela  jamais uma cor em especial, pois disso decorreria inferir a supressão de uma ou outra cor, o que equivaleria a uma determinação arbitrária acerca da democracia em detrimento de seu sentido real.

Sabemos que a democracia moderna é um ideal erigido a partir das revoluções burguesas na última quadra do século XVIII numa tentativa de recuperar e adequar alguns dos paradigmas da antiga pólis ateniense. Muitos dos valores surgidos então passariam a compor a base de sustentação ideológica da sociedade nascente em prejuízo de muitos dos valores da decadente sociedade aristocrática. Com base no ideal de liberdade, as revoluções criariam várias instituições democráticas como o sufrágio universal, os direitos humanos, a liberdade de expressão, a meritocracia, dentre muitos outros ideologemas. Este último, aliás, nasce do ressentimento contra a propensão aristocrática de monopolizar todos os privilégios na corte, como a concentração de sinecuras e dos cargos públicos mais importantes.

Hoje, tanto o discurso de direita como o de esquerda celebram a liberdade, a igualdade, a democracia, os direitos do homem e do cidadão etc. É o ideal otimista de liberdade que está no centro de todos os movimentos de insurreição seja de orientação liberal-progressista, republicano-nacionalista, social-democrata, socialista, anarquista, operária, camponesa seja de qualquer outra agremiação político-ideológica-classista. Aqui uma ligeira amostra do caráter plural e diverso subjacente ao ideal de democracia e alguns outros mais, e por que não multicromático para ilustrar estas breves linhas.

Não obstante, como também é sabido, tão logo ascende como classe hegemônica a burguesia começa a suprimir e resignificar os desdobramentos práticos de seu próprio aparelho ideológico, manipulando-os de maneira que os mesmos convirjam para seus interesses. As revoluções burguesas guilhotinaram não somente os conspiradores contrários a vontade do povo, isto é, inimigos da democracia, elas também guilhotinaram as aspirações do próprio povo. A democracia, como um ideal historicamente datado, não deixa de ser a narrativa que reclama a linguagem do povo, mas sem deixar falar o próprio povo. O afresco revolucionário que tingira a liberdade e a democracia de uma miscelânea de cores começava a descolorar.

De tão desbotada a democracia assume a cor que melhor convém aos atores hegemônicos, como que numa pincelada mal dada para esconder a ferrugem e a sujeira por traz da tinta para, por fim, ser “vendida” como algo novo e conservado, tal como fazemos com nossos pertences quando tentamos deles nos desfazer.

Não fugindo à regra, em Rio das Ostras a democracia assume uma cor em especial. Nesta cidade, a democracia é laranja, cor símbolo da atual administração.

Assim como esta gestão pintou de laranja todas as repartições públicas e até mesmo algumas privadas desta cor, basta dar uma volta pela cidade para constatar – chegando ao cúmulo de pintar desta mesma cor os azulejos dos banheiros das escolas construídas na administração passada (que eram brancos com uma faixa azul no meio da parede) –, também o seu ideal de democracia compreende um único viés. Aqui se exercita a democracia, desde que não se discorde das práticas feitas em seu nome: impedir o explorador do seu direito de explorar consiste, nesta perspectiva, num atentado à livre iniciativa, à propriedade, à democracia etc.  

Para todos os fins, a democracia laranja visa um único e imperioso propósito, a saber, o da manutenção das prerrogativas adquiridas por um grupo específico durante os últimos sete anos em face da iminente ameaça tanto em relação ao término do atual mandato quanto do crescimento da massa crítica e contestatória nesta cidade. Guardadas as devidas proporções, alguns dos valores estamentais da antiga sociedade aristocrática não deixam de ser alusivos do contexto em que nos encontramos: em Rio das Ostras tenta-se manter a todo custo as sinecuras e privilégios adquiridos ao longo da atual gestão municipal. Como nos ensina Veríssimo, "confundir ordem e normalidade com seus próprios privilégios, é um velho hábito de castas dominantes".

Esta semana a secretária de educação veio a público justificar o caráter democrático das ações desta administração, em relação à elaboração do plano de carreira dos servidores do magistério, munida de uma lista de assinaturas que supostamente endossa a participação dos professores e demais profissionais da educação na construção do plano de carreira. A propósito, a mesma protagonizou uma cena que poderia ser qualificada no mínimo como paradoxal: há cerca de um ano, quando veio a público numa reunião do Conselho Municipal de Educação, realizada na SEMED, uma das primeiras declarações sobre o referido plano de carreira, ela declarou em alto e bom tom para quem quisesse ouvir que democracia demais atrapalha, referindo-se em especial à resistência dos professores então recém concursados em participar do desfile de 7 de setembro daquele ano, 2010.

O fato é que a comissão que elaborou este plano de carreira não contou com um representante legítimo dos professores ou mesmo com a participação do SINDSERV ou do SEPE, cuja ausência é sempre rotulada como voluntária pelos defensores deste plano. Nada mais conveniente. A alegada suposta participação do professorado pela secretária teria ocorrido pouco tempo depois de sua infeliz declaração, quando os professores começaram a se mobilizar. Somente então a SEMED começaria a apresentar um esboço de plano nas escolas do município, ocasião em que foram recolhidas as assinaturas. Mas tratava-se tão somente de uma apresentação de um plano pronto e fechado, embora fosse ainda um rudimento, sem qualquer possibilidade de intervenção por parte dos maiores interessados.

E foi assim em todas as escolas em que esta apresentação ocorrera, no melhor ou, se quiser, pior estilo da democracia laranja, segundo o qual as decisões já estão previamente tomadas, servindo a apresentação do documento em si para um público afim tão simplesmente como um instrumento para encobrir o tom alaranjado das posições arbitrárias. Ou seja, para dar um ar de democracia quando na verdade se utiliza de uma manipulação desta para legitimar certos interesses, com o agravante de converter este mesmo público em massa de manobra.

O prefeito que então participava da apresentação perdeu até mesmo o tom carismático (ou dissimulado, se preferir) que lhe é típico ao ser contestado sobre a nomeação dos diretores das unidades escolares. Contra-argumentado que a eleição direta pela comunidade escolar seria a postura mais coerente a se adotar, uma vez que ele próprio foi eleito por um processo democrático (embora reconheçamos que este processo eleitoral contou com todo tipo de cooptação e compra de votos, novamente, no melhor ou, se quiser,  pior estilo da democracia laranja), o prefeito perdeu, ainda que por um breve momento, a linha assumindo com toda a autoridade que sua posição lhe confere, acrescida de uma intransigência nada gratuita, a nomeação da direção como cargo de confiança. Confiança para si mesmo e não para a comunidade, diga-se de passagem. É a democracia laranja cintilando em sua mais viva tonalidade.

Com exceção das apresentações que ocorreram nos colégios América Abdalla e Imero, todas as demais alaranjaram (para não dizer amarelaram), a exceção igualmente de um ou outro professor isolado nas demais escolas. Somente por meio da pressão do colegiado crítico de professores que então se formou foi possível impor (é exatamente esta a palavra) aos postulantes do plano que se incluíssem na pauta de discussão algumas reivindicações que agregasse de fato o interesse comum desta categoria. Naquele momento começavam a se esboçar as cores básicas da democracia, porém ainda insipiente diante do primado do monocromatismo laranja. Mas para a surpresa (nada surpreendente) de todos, nossas propostas foram completamente ignoradas, não sendo atendida uma delas sequer quando da aprovação do plano de carreira na semana retrasada. 

Por muitas vezes fui testemunha dos desmandos e arbitrariedades travestidos de uma retórica de democracia, sempre, porém, comparecendo aos olhos de quem não sofre de discromopsia, o popular daltonismo, na cor preferida de seus postulantes e perpetradores. Poderia me alongar aqui detalhando o caso da subsecretária que interpela ao professor quando este lhe solicita uma justificativa pelo assédio moral sofrido: “você é professor e eu subsecretária, argumenta ela como quem dissesse “ponha-se no seu lugar”. Ou ainda o da diretora da Casa de Educação, a mesma que no ano passado pegou num microfone para dizer que os novos professores estavam chegando “cheios de gases” (pasmem, ela é diretora de um centro de formação continuada de professores), que  não se furta lançar mão de seus habituais impropérios para intimidar qualquer um ao menor sinal de discordância. Mas me limitarei por ora aos casos aludidos acima, pois não haveria espaço suficiente para descrever tantas mazelas, o que fatalmente incorreria numa comunicação por demais enfadonha para quem ler, sinal de mal gosto até.

A propósito, se além de cores fosse possível atribuir igualmente gostos à democracia, poder-se-ia constatar que a democracia laranja é das mais azedas...


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Camada de gelo no Ártico baixa a nível mínimo histórico

 Através de imagem do 'Homem Vitruviano', de Da Vinci, Greenpeace mostra derretimento das camadas no Ártico
 
A camada de gelo do Ártico diminuiu ao menor nível já registrado, segundo as medições dos satélites de observação da Terra. A ESA (Agência Espacial Europeia) informou nesta quarta-feira (14/09) que "nos últimos cinco anos foi observada a extensão de gelo mais baixa desde que começou a medição com satélites nos anos 70". 

A camada de gelo que era de 8 milhões de quilômetros quadrados nos anos 80, foi reduzida pela metade em 2007. Os satélites que observam a Terra permitem medir a quantidade de gelo em áreas inacessíveis, como no Ártico. Neste ano, a extensão de gelo no Ártico é comparável ao mínimo de 2007, informou a ESA.

Neste sentido, os cientistas da Universidade de Brêmen, na Alemanha, consideram que a extensão de gelo caiu no início de setembro abaixo dos valores mínimos registrados. Os mapas são feitos de acordo com as observações do satélite Aqua da Nasa que utiliza tecnologia japonesa de micro-onda.  

A ESA publicou recentemente uma imagem do oceano Glacial Ártico feita a partir de uma montagem de várias fotografias tiradas pelo satélite Envisat nos dias 9 e 11 de setembro, na qual se pode ver uma enorme mancha azul formada pela extensão de gelo que ocupa 80% da superfície marinha da região.

Já o Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve dos EUA afirma que o nível mínimo de 2007 ainda não foi alcançado, mas falta muito pouco.

As equipes internacionais usam vários métodos para medir a camada de gelo com base nas observações de diferentes satélites. Apesar disso, as diferenças nos resultados são pequenas, segundo a ESA.

"Está claro que é uma consequência do aquecimento global ocasionado pelo homem, com consequências globais", revelou o pesquisador da Universidade de Brêmen Georg Heygster que também acrescentou que a vida de peixes, algas e mamíferos como focas e ursos diminuiu.

Além disso, em agosto foram abertas duas grandes rotas de navegação no oceano Glacial Ártico como consequência do descongelamento, o que indica uma redução significativa da camada de gelo.

O satélite meteorológico CryoSat, da ESA, lançado em abril de 2010, explora os polos Norte e Sul e ajuda a compreender as mudanças na espessura da camada de gelo.